MEU RELATO PESSOAL – QUANDO A DOR PARECE NOS CONTROLAR

Nossa vida cristã é um constante aprendizado e o mesmo se consolida exatamente nos momentos de dificuldades. São situações inesperadas que mesmo antes de enfrentá-las já nos encontramos sem forças para reagir. Já me encontrei nessa situação várias vezes, mas houve uma experiência que marcou a minha trajetória, exatamente no ano de dois mil e três quando sofri dois abortos; o primeiro, o tempo de gestação era de três meses, foi um aborto espontâneo; o segundo, já era de cinco meses e era um pouco mais complicado porque era um aborto retido, além de não se tratar  mais de um embrião, o  feto  estava morto há alguns dias. Não houve nenhum sinal como o primeiro que tive um sangramento, evoluindo para hemorragia. Foi um grande susto porque a constatação se deu no exame rotineiro de pré-natal.

Lembro-me como se fosse hoje as palavras do médico que realizou a ultrasson: “Dona Rosemary, não estamos aqui para dar somente as boas notícias, mas também as más”. Nem precisou ele concluir a frase para eu entender o que estava acontecendo. Confesso que foi difícil enfrentar essa realidade.

Senti-me tão fraca que nem conseguia orar, fui arrebatada por um sentimento que é difícil descrever. A minha fraqueza era tamanha que não estava preparada para agradecer a Deus tal situação, também entendia que não poderia e nem deveria murmurar por aquela perda e isso me angustiava muito.

Foi quando retornando da clínica senti uma necessidade de ler a Bíblia, e antes mesmo da leitura consegui orar em poucas palavras que foram mais ou menos assim: “Pai, me dá a tua palavra, eu preciso te ouvir, pois eu não tenho forças”. E Ele me deu a palavra que tanto precisava ouvir, palavra que me confortou e fez entender aquela experiência. Esta foi a palavra:”...receberemos de Deus o bem, e não receberemos o mal?...” (Jô 2:10b).

Naquele momento entendi tudo o que estava passando e agradeci a Deus as coisas boas que Ele me dera, entendi também que aquela perda não era um mal; pois, “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rom 8:28b).

Ainda no período de repouso, fui passar uns dias na casa de meus pais que moram na zona rural e lá ouvi uma música de Fenanda Brum, que traduziu tudo o que eu havia experimentado naqueles dias e que também tirou aquele sentimento de culpa por não conseguir dirigir uma palavra ao Senhor. Esta foi a música:

“Espírito Santo ore por mim
Leve pra Deus tudo aquilo que eu preciso
Espírito Santo use as palavras
Que eu necessito usar mas não consigo
Me ajude nas minhas fraquezas
Não sei como devo pedir
Espírito Santo
Vem interceder por mim

Todas as coisas cooperam pra o bem
Daqueles que amam a ti
Espírito Santo vem orar por mim”

Tudo isso me fez entender os sentimentos alheios, quando experimentar momentos de perda. Enquanto Deus não falar ao coração ferido, qualquer palavra de consolo voltará vazia, pois a princípio as perdas aos nossos olhos redundam em mal, mas somente o poder da palavra de Deus nos faz enxergar o bem diante das perdas. O melhor é orar para que aquela perda seja compreendida como o melhor de Deus para as nossas vidas.